“Você não leu errado. A empresa americana Creator está inaugurando uma hamburgueria que tem como principal atrativo um maquinário sofisticado que faz todo o processo de produção e montagem do sanduíche desde assar o pão a cortar os ingredientes da salada.”
Mas como assim? Quem faria uma coisa dessas?
A empresa Creator, localizada em São Francisco, na Califórnia, abriu as portas de sua nova hamburgueria inovadora, o primeiro restaurante do mundo a automatizar uma refeição do início ao fim. A companhia de tecnologia/engenharia de alimentos, antes conhecida como Momentum Machines, explora há quase 10 anos as possibilidades de criação de um maquinário autônomo capaz de produzir um Hambúrguer de altíssima qualidade em um tempo bastante reduzido.
O protótipo da engenhoca composta por sensores, computadores e partes mecânicas especiais foi apresentado ao público em 2012. Na época, ainda era bem distante de sua versão final, agora otimizada, que foi personalizada com um Design que valoriza a transparência do processo.
O idealizador do projeto e fundador da empresa, Alex Vardakostas, de 33 anos, trabalhou na linha de montagem de uma lanchonete Fast Food e teve de passar pelo tedioso processo repetitivo de montar o mesmo lanche muitas e muitas vezes no mesmo dia.
Frustrado com essa experiência profissional e procurando aplicar os conhecimentos que adquiriu estudando física por 6 anos, Alex decidiu reunir uma super equipe de engenheiros (alguns vindos da Apple, da Tesla e da Nasa) para dar cabo ao seu sonho de criar um “utensílio” capaz de fazer um ótimo sanduíche sem auxílio humano.
O sonho se tornou realidade há alguns anos e, inclusive, em 2016 alguns membros do Consumer estiveram em São Francisco na sede da “Momentum Machine” para tentar conseguir mais informações sobre o invento. Apesar de muito prestativos, os funcionários estavam receosos e preocupados com os visitantes. Não puderam nos deixar entrar, foram até o lado de fora para conversar, bloqueando a porta atrás deles a fim de preservar o segredo para o lançamento.
O suspense e a espera foram bem recompensados. O maquinário foi aprimorado e repensado para ocupar o espaço da cozinha de um estabelecimento e ainda conseguir a aparência mais distante de “um robô” possível.
O resultado final é simplesmente incrível.
E como isso funciona? Qual é o processo?
A engenhoca foi construída para realizar as mais diferentes etapas do preparo de um hambúrguer. Ao contrário do que se imagina, o processo é tão completo que começa com o elementar: todas as manhãs os pães são assados no interior do maquinário antes do início das outras atividades.
Fresquinho e ainda macio, o pão é empurrado por compressão de ar para uma esteira deslizante, e então, é partido ao meio por uma faca vibratória que não o desmancha e não deixa migalhas.
Com cautela e precisão, um pouco de manteiga é espalhada em ambas as faces abertas do pão que, em seguida, é aquecido por 90 segundos. A atenção com os detalhes já é perceptível nessa etapa, lembrando que um chapeiro humano trabalhando na linha de produção de um Fast Food não teria 90 segundos disponíveis para torrar cada um dos pães adequadamente.
Enquanto isso, os hambúrgueres (de carne bovina selecionada) são aquecidos em chapas verticais que evitam a concentração de óleo e gordura no seu interior.
Ao mesmo tempo, a salada do lanche começa a ser preparada.
Os funcionários abastecem tubos com tomates, cebolas e pepinos (única etapa do processo que necessita de cuidado humano) que são rapidamente cortados e dispostos sob o alface já picado.
Em um instante, os temperos e condimentos escolhidos pelo cliente são despejados na salada.
Nesse ponto, o pão já recebeu quantidades milimetricamente precisas de cada um dos molhos escolhidos pelo freguês. São 15 opções de molho que vão desde os convencionais aos mais inusitados
Assim que o hambúrguer estiver pronto, o queijo escolhido é levemente derretido, ralado e gratinado. A carne é suavemente levada até o resto do sanduíche e assume o seu lugar na composição deslizando para cima do queijo.
Um sanduíche desses demora apenas 5 minutos para ser preparado e custa só 6 US$ (aproximadamente 23 reais). O preço é competitivo e o atendimento é eficiente.
Apesar de a ideia parecer estranha a princípio, o resultado final é atraente e o sanduíche parece delicioso.
Quais os benefícios de automatizar a cozinha?
Um investimento caro, como esse maquinário, tem de ter suas vantagens em relação ao modo de produção padrão.
O dinheiro economizado, que seria gasto com os funcionários que prepararam os hambúrgueres, é redistribuído para a compra de ingredientes. Assim a hamburgueria pode investir em itens de qualidade muito superior à convencional (contando com pão feito na hora, carne de gado selecionado, diversos tipos de queijo, além de muitas opções de molhos e temperos).
Com a precisão da máquina, o estabelecimento pode oferecer aos clientes muito mais opções de personalização na montagem do sanduíche que seus concorrentes.
Os benefícios se estendem à limpeza. A cozinha não fica engordurada e fedida com a mesma frequência de uma cozinha de “Fast Food”.
Outros contratempos recorrentes em uma lanchonete são evitados pelo maquinário:
Não há desperdício de alimento nem acidentes de trabalho envolvendo a chapa quente ou as facas afiadas. Não existe a chance de contaminação acidental, o que diminui drasticamente os riscos de tornar o ambiente insalubre e ameaçar a saúde dos consumidores.
É claro que as máquinas podem fazer coisas que os funcionários humanos não podem, especialmente em um tempo tão limitado, como distribuir os molhos em porções milimetricamente especificadas, fritar igualmente cada uma das faces do hambúrguer e cortar os componentes da salada na hora do pedido. A engenhoca também não deixa que um ou outro hambúrguer queime por distração e evita irregularidades na produção.
E o chapeiro? Perde o emprego?
As primeiras perguntas que naturalmente vem à mente são: E o chapeiro? Perde o emprego?
Afinal, se o maquinário tem o objetivo de “substituir” a linha de produção na cozinha, o que acontece com os funcionários?
A resposta é um pouco mais elaborada do que se imagina. De fato, a engenhoca sofisticada poupa boa parte do trabalho “mecanizado” dos funcionários da cozinha. Porém, a lanchonete da Creator ainda precisa de atendentes, orientadores, técnicos, estoquistas e faxineiros para funcionar bem.
Além disso, os complementos do sanduíche (como a batata frita) são feitos de maneira convencional, ou seja, nem o trabalho da cozinha é totalmente independente de humanos. A hamburgueria da Creator tem 9 funcionários, o mesmo número médio de funcionários por loja das grandes redes de Fast Food.
Sendo assim, o chapeiro não perde o emprego. Só muda de função.
Segundo Vardakostas, CEO da empresa, existem limitações físicas que impedem um humano de ter o mesmo controle, precisão e velocidade que o seu conjunto de máquinas.
O empresário procura criar um ambiente aconchegante e agradável, priorizando o bem-estar do cliente e o cuidado com a limpeza do local, concentrando-se em um atendimento de qualidade. Para isso, precisa da ajuda de humanos gentis e atenciosos para se relacionar com os consumidores. Dessa forma, o humano não fica refém da chapa por toda a jornada de trabalho, virando centenas de hambúrgueres por hora em uma ocupação mecânica que não permite personalização.
A hamburgueria oferece ainda outras comodidades para seus funcionários. Além de permitir que voltem para casa sem o cheiro de gordura impregnado na roupa, Alex estabeleceu em contrato que seus trabalhadores tenham 5% de sua carga horária livre para estudarem conhecimentos paralelos, de seu interesse pessoal.
E tem mais. Caso se interessem por mecânica, engenharia ou qualquer área do conhecimento relacionada, os funcionários podem aprender sobre o funcionamento das máquinas e sua manutenção. Desse modo o contratado continua seu aprimoramento pessoal, enquanto desempenha seu trabalho em um estabelecimento que preza pela sua humanidade e não o limita às funções de “atendente ou cozinheiro” como fazem a maioria das redes de lanchonetes.
Dois dos funcionários da nova hamburgueria já pensam em abrir seu próprio negócio e contam com o apoio do chefe, que fica contente em disponibilizar espaço para o desenvolvimento profissional de sua equipe.
O que o público achou dessa novidade?
Uma hamburgueria que faz hambúrgueres sem humanos é, com certeza, uma novidade para todo o mundo. Ninguém está acostumado com isso ainda. Mas apesar dos receios e desconfianças que cercam a experiência, centenas de pessoas estão visitando a lanchonete em seu horário de testes para provar “a primeira refeição totalmente automatizada da terra”.
A inauguração oficial da Hamburgueria está agendada para Setembro. Mas as portas do estabelecimento já estão abertas, em horários especiais desde a última semana de Junho, para a imprensa e fãs especialmente obstinados que tem interesse em experimentar os hambúrgueres da Creator com antecedência.
Muitos vídeos surgiram na Internet trazendo informações a respeito do maquinário. Em sua maioria os feedbacks são positivos e os clientes que gravaram suas visitas parecem intrigados com o processo, mas satisfeitos com o resultado final.
Assista um vídeo que mostra a complexa engenhoca em ação:
Os próximos planos da Creator ainda não tiveram detalhes divulgados pela empresa. Mas o co-fundador, Steve Frehn, disse que o futuro da companhia vai além da montagem de Hambúrgueres. Talvez surjam iniciativas parecidas, inspiradas na proposta, com objetivos um pouco diferentes, mas ainda com enfoque na “automação” voltada para o preparo de refeições.
Mas será que essa moda pega?
Será que esse modelo de negócio vai ditar as tendências do futuro? Talvez.
Pode ser que vejamos mais estabelecimentos em que as máquinas fazem o trabalho repetitivo e automatizado, deixando nós humanos responsáveis pelos serviços que fazem melhor uso da nossas aptidões sociais, da nossa liberdade de pensamento, e é claro, da nossa humanidade.
Diz aí: E você? Comeria um sanduíche “feito por um robô”? Deixe suas impressões nos comentários!
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É muito legal e muito inovador, mas vamos analisar: uma máquina dessa deve ser extremamente cara para produzir apenas 72 dólares por hora. Se ficar aberta 10 horas apenas 720,00 e 21.600 se ficar trabalhar 30 dias. Isso se vender um sanduíche a cada 5 minutos durante 10 horas diárias e 30 dias mensais. Ela tiraria apenas o emprego do chapeiro pois precisa de outro “humanos” para abastece-la. Sinceramente não sei compensaria a longo prazo. Mas que não deixa de ser uma invenção sensacional.
olá
sou Ronei,
QUANTO CUSTA ESSA MAQUINA DE AMBURGUERIA.
TEM REPRESENTANTE DELA AQUI NO BRASIL?
MORO EM CUIABÁ.